19 de janeiro de 2014

[Daily] - Baibai, Nina.

Olá

Faz tempo que não posto novamente…por falta de tempo, assunto e vontade. Não ia fazer esse post, mas queria desabafar um pouco sobre isso…enfim. Aos que me conhecem pelo Facebook ou Instagram, talvez já saibam que uma das gatas que moram comigo faleceu na noite de sexta feira. Não sabia se seria rude de minha parte (pra ela) escrever um post assim…mas queria falar um pouco sobre o que e como aconteceu, e falar um pouco sobre ela, porque era uma gata muito esperta pra ir assim, sem mais pessoas saberem como ela era.




Ela nasceu de um casal de gatos que meu namorado adotou, pois os antigos donos voltariam para o brasil e não levariam-os consigo. Um ano passou e por falta de castrar, a fêmea engravidou e deu a luz a 4 gatinhos de rabos defeituosos. Uma das que tinha o rabinho torto era ela, a última que nasceu e a mais fraquinha. Os dois que tinham cores parecidas, ficou com uma amiga minha, e ela e sua irmã Nikky continuaram com os pais. Um tempo depois uma senhora japonesa se encantou com os pais delas e resolveu adotar do meu namorado, que não via como cuidar dos 4 morando em um pequeno apto. O tempo passou e as duas cresceram arteiras, elétricas, barulhentas e espertas. Enquanto a Nikky ficou mais esperta para abrir portas e derrubar coisas, a Nina era esperta para pedir coisas. Quando queria água ou comida, ou até mesmo que limpássemos seu banheiro, ela botava as duas patinhas na nossa perna e com uma batia nela e miava até que levantássemos e seguíssemos ela até onde estava o "problema".
Ela sempre foi mais boazinha que sua irmã, nunca chiava, nem "rosnava" e nem mesmo arranhava por mais que fosse provocada. Quando arranhava a parede, ela só gritar o nome dela que ela sabia que era com ela e corria pra longe, pra pouco tempo depois aparecer e fingir que nada aconteceu. 
Ela gostava de dormir debaixo das cobertas com a gente, porque sentia frio de noite (talvez por sempre ter sido magrinha, ao contrario da irmã). Vinha ate cabeça e miava algo do tipo "Levante o cobertor que quero entrar, humano!". Em caso de já estarmos dormindo, ela gostava também de dormir em cima da barriga, das pernas, das costas..
Ela era mais magra que a irmã, porem aceitava mais fácil os aperitivos que dávamos. Fazia cara feia para peixe, mas gostava do que era sabor frango. Gostava também de um croquete de batata frita (?) que vende no café da manha do McDonalds (lembrando que eu não dava pra ela, descobri que ela gostava quando, na maior cara de pau, ela veio de fininho e mordeu o que eu estava comendo enquanto eu estava distraída vendo tv).
Não são muitas, alias, quase ninguém gosta dessa cor dos pelos dela,  mas tinha uma parte em especifico que eu achava muito fofo nela. Na parte do queixo dela, a cor preto e marrom eram divididas bem no meio, numa linha reta que ia até o pescoço, que também era a parte que eu mais gostava de fazer carinho nela, só pra ver esse detalhe.



Ela gostava de carinho atrás da orelha e embaixo do queixo. Carinho nas costas a fazia empinar o bumbum, e beijo ela odiava. 


Ela gostava de subir onde não devia, e deitar nas nossas pernas. Muitas calças tem a marquinha das unhas dela, e na estante onde ela não podia subir, ainda tem pelos dela. Assim como na casa toda e em muitas roupas já lavadas. O que vai fazer ser mais difícil fazer cair a ficha que ela não está mais aqui…
Ela falava muito comigo, mesmo eu não entendendo e ser saber até hoje se ela sabia que não falo o mesmo idioma que ela…
Ela gostava de subir na cadeira do computador e ficar igual um papagaio. Nunca entendi o porque...



[a partir daqui, é o que mais queria desabafar, soltar tudo que ta preso…então talvez fique sentimental ou triste demais…então aconselho a não lerem ou sei lá…]

Sabe o que me dói bastante agora? É saber que fui a ultima pessoa a ficar com ela, mas que não pude estar aqui com ela quando ela deu o ultimo suspiro, porque eu fui trabalhar. A irmã dela, acredito eu, já tinha percebido o que estava acontecendo e não quis ficar no mesmo comodo que ela. Eu não queria que ela ficasse sozinha, e não sei se a irmã dela foi até ela quando saí. Eu tinha esperanças que ainda a veria bem quando voltasse do serviço, que escutaria ela miar mais uma vez. Mas o miado triste dela antes de sair de casa foi o último que ouvi…
Eu não sei se o choro dela era pra eu sair de perto dela, porque ela queria andar pra fora de onde estava, mas já não conseguia mais andar, ou se era um choro de desespero porque não queria partir ou porque não sabia o que estava acontecendo…
Algumas horas antes dela falecer, ela estava mancando apenas, e achei que tivesse com a perna machucada. Com o passar das horas ela ia piorando, muito rapidamente, até não conseguir andar. Numa das suas últimas tentativas de andar, ela tombou pro lado, sem forças. Nunca havia sentindo um aperto tão grande no peito por dó, porque ela chorava muito…talvez por não conseguir mais andar, talvez por medo, não sei…
Queria ter passado os últimos momentos dela com ela no colo…talvez eu não deveria ter ido trabalhar naquela hora, talvez era melhor eu atrasar um pouco…talvez…
Eu não sabia que iria piorar tanto, tão rápido, então mandei um video para o namorado, mostrando como ela tava e que realmente precisaria levar ela correndo pro vet naquela noite. Ainda tenho o video no iphone, dela tentando andar e tombando pro lado logo em seguida e chorando. Eu quero deletar o video porque não aguento vê-lo, mas ao mesmo tempo não quero porque é a ultima (e única?) gravação que tenho dela…e não vou mais ve-la se mexer…talvez eu devesse deletar mesmo…mas…
Eu tentei rever o video, e no momento em que ela miou na gravação, a irmã dela a procurou com um rápido olhar pelo quarto, o que me fez fechar o video rapidamente. Ela também esta abalada, mas bem melhor que ontem…sinto pena dela também, que agora está sozinha como gato nessa casa. Desde sempre juntas, e agora…Me disseram que os animais se recuperam muito mais rapido que os humanos, porque eles aceitam que esse é o ciclo natural das coisas…mas só de imaginar que ela ficará em casa sozinha nos dias de semana durante o dia…
Eu sei que não adianta mais chorar, eu não vou tê-la de volta. Também sei que o melhor a fazer agora é aceitar e continuar em frente. Mas tudo me faz lembrar dela, e me arrepender de tudo o que deixei de fazer, e das broncas que dei nela…queria que tivesse um jeito mais fácil de aceitar isso, mas ao mesmo tempo acho injusto aceitar simplesmente que ela morreu. 6 anos é pouco pra um gato…e ainda menos pra um humano passar junto com um animal que o amou incondicionalmente, mesmo não demonstrando.
Toda hora quero ver as fotos dela, e toda hora me arrependo. Queria dar um abraço nela, e devia ter feito isso mais vezes. Eu reclamava quando ela subia no meu colo enquanto eu estava no pc, mas é o que eu mais queria agora. Queria ir dormir e acordar com ela do meu lado, que isso fosse um sonho ruim e um aviso para dar mais atenção pra ela…queria ouvir o miado dela mas a unica gravaçao da voz dela que tenho ela era chorando…Enfim.
Meu namorado contratou um serviço funerário para ela e ela foi cremada hoje. Eles enviarão as cinzas dela para cá e eu preciso imprimir uma foto dela para tentar montar um altarzinho simbólico para ela. Eu não sei se gatos conseguem entender isso, mas espero que onde quer que ela esteja, ela fique feliz por saber que foi amada a vida toda, mesmo brigando com ela e pentelhando ela sempre que podia.
Baibai, Nina. Se comporte, onde quer que esteja. E gomen por não ter ficado mais tempo com você.

E uma parte de um texto que estava lendo, tentando entender e o que fazer agora…

"O luto é provavelmente a sensação mais confusa, frustrante e emocional que uma pessoa pode sentir. É ainda mais para proprietários de animais. A sociedade em geral não dá a essas pessoas "permissão" para demonstrar a sua dor abertamente. Dessa forma, os proprietários frequentemente se sentem isolados e sozinhos. Felizmente mais e mais recursos ficam disponíveis para ajudas essas pessoas a perceber que elas NÃO estão sozinhas e que o que elas sentem é completamente normal.
Culpa. É uma palavra que nos leva a mais profunda , mais terrível dos sentimentos de perda, horror, raiva e desespero.
Por que eu fiz o que fiz ?
Por que eu não pude fazer mais ?
Será que eu o/a coloquei para dormir cedo demais ?
Será que esperei tempo demais ?
Se eu tivesse apenas fechado o portão.
Se eu apenas tivesse percebido antes.
Se eu apenas estivesse esperado um pouco mais.
Se eu apenas tivesses procurado o veterinário antes.
Se eu apenas soubesse mais naquele momento.
Se eu apenas tivesse escutado meus sentimentos.
Seu eu apenas tivesse ido a um veterinário melhor.
E nós nos debatemos com todas estas perguntas de "Se" e " Somente". Por que nós fizemos isto ? Porque nós amamos nossos animais de estimação. Porque nós desejamos que pudéssemos ter feito mais, nós desejamos que não tivéssemos feito o que fizemos.
Mas nós não podemos trazê-los de volta. Nós não podemos mudar o que fizemos e o que não fizemos.
O que nós podemos fazer é parar de nos machucar pela culpa. Cada um de nós, da nossa maneira, fez o que achamos que era correcto no momento, usando o que nós sabíamos e sentíamos. Cada um de nós tentou fazer o melhor que podíamos e nós fizemos com a intenção de amor.
Nós somos seres humanos, com limitações e falhas. Nós não sabemos tudo . Nós cometemos erros. Mas nós os fazemos com as melhores das intenções.
Nos machucar a nós mesmos com a terrível dor adicional de culpa, é fazer descaso do amor que sentimos pelos nossos animais de estimação. Com muito, mais muito poucas excepções, nós fizemos o melhor que sabíamos fazer naquele momento. Mesmo se nós sentimos que não fizemos o que deveríamos ter feito, ou feito o que não deveria, nós aprendemos e agora todos se beneficiarão deste conhecimento.
Nossos amados animais se foram , e sem dor. Nós ainda nos torturamos com a dor da culpa e dúvida. É humano fazer isto , estamos sendo justos connosco ?
Nós amamos profundamente e o que diz que nós temos a profunda capacidade para amar, que muitos não tem. Nós somos basicamente pessoas boas. Não devíamos reconhecer esta bondade, ao invés de ficarmos nos dando dor, pelo que deveríamos ou não deveríamos ter feito ?
Nós pegamos uma criatura adorável, demos a ele (ou a ela) tudo o que podíamos. Demos carinho, passeamos, alimentamos, trocamos as caixas de necessidades, brincamos, nao dormimos nas noites de dificuldades. Nós cuidamos e fizemos tudo o que sabíamos fazer naquele momento. Nós olhámos dentro de seus olhos e sabíamos que eles nos entendiam, que nos amávamos.
Se nós não soubemos o suficiente ou cometemos um erro inocente, acreditamos que eles não nos entenderam, que nos amaram e nos perdoaram apesar disto ??? Eu acredito que sim.
Nós precisamos nos perdoar. Se nós podemos aumentar o nosso conhecimento para ajudar os outros e usarmos nossa dor para fazer coisas melhores para nossos animais, para os outros que estão sozinhos e para aqueles que estão lá fora, sozinhos e perdidos.
Nós podemos fazer a diferença. Mas somente se pararmos de nos odiarmos, e culpar-mos a nos mesmos por sermos seres humanos.
Deixe culpa ir embora. Saiba que seus bebés peludos não culpam você; eles entendem, porque eles conhecem seu coração. Perdoe-se e permita que todo o amor existe dentro de você, esteja lá para outro. Há tantos que precisam do seu amor.
Aprenda e depois ensine. Continue aprendendo, e não pare. Cada pedrinha de conhecimento e cuidado que você envia irá repercutir ao redor do mundo e continuar crescendo. E talvez um dia, todos os animais serão amados e bem cuidados, e haverá uma era de ouro para os animais e para aqueles que como nós, os amamos."
http://adoptar.no.sapo.pt


Au revoir...

Um comentário:

  1. aun, sinto muito pela sua gatinha, ela parecia ser tão apegada aos donos e as cores dela eram lindas, ela com certeza está em algum lugar agradecendo pela vida boa que teve ao seu lado.
    Já perdi muitos gatos de formas horríveis e acho que tenho um trauma, por isso não tenho mais gatinhos, mas pretendo criar um quando eu crescer, vou superar isso, sei que vou!!

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