28 de outubro de 2012

[Autismo] - 21 e contando...

Olá, queridas? Ça va?

Bem, eu ia escrever esse post no dia do meu aniversário, com acabei saindo com meu namorado e minhas amigas, acabei não postando. No dia seguinte saí novamente, de noite [após dormir o dia todo depois da noitada de sábado], para ir no aniversário da Laís. No domingo saí nooooovamente para o namorado ir ver o filme do Gyaban no cine e eu fui passear com mais amigos [que me derem presentes lindos <3], voltando só de noite com o namorado, Mika e Tutu, para comemorar meu aniversário com meus pais. E como a semana que se passou é a pior para fazer qualquer coisa que não sejá dormir [e até dormir é complicado], não postei durante ela. Então, finalmente, hoje postarei [na verdade eu tentei postar ontem, mas ficou meio melancólico demais e o deletei].
Bem, no dia 19 completei 21 anos. E nesse dia queria postar algo sobre mim aqui, algo sobre o que penso, sobre reflito...enfim, sobre meus momentos de autismo.
Ontem comecei a escrever sobre meu passado, tentei escrever tudo o que lembrava, mas acabei parando no meio, chorando. Como disse, ele começou a ficar melancólico demais e desisti dele [talvez ele não estivesse tão mal assim, mas como estou com os hormônios atrapalhados - menstruação de duas semanas uhuu - , a TPM tá tensa]. 
A partir daqui, começa um longo texto do meu passado monótono e chato. Só avisando que será bem chato...
Lembro que ontem comecei o texto falando desde o momento em que nasci, que se não me engano, foi de madrugada, em São Paulo, capital. Meu pai disse que enquanto eu era arrancada para fora de mamãe, Airton Senna estava quase para ganhar sua terceira corrida, do outro lado do mundo [que por acaso, é 'lado' que estou agora :D].
Apesar de ter nascido na capital, não fiquei lá por mais de um ano, e nos mudamos para o interior, e eu não tinha 2 anos ainda. E lá passei toda minha vida, morando no único apartamento da pequena cidade. Lá vivi tantos momentos bons, tantos momentos ruins. Nunca me adaptando a escola nenhuma, sempre me sentindo diferente e sendo tratada assim também, como alguém 'diferente'. Esquanto escrevo aqui, fico refletindo se sofri bullying, pois tínhamos menos de 7 anos na época. Será que as crianças que me trataram mal sabiam o mal que estava me fazendo? Ou não tinham idéia que aquilo machucava? Enfim, não entrarei em detalhes, mas posso dizer que com essa fase ruim da minha infância, aprendi a me defender [para o desespero de algumas mães] e comecei a arranjar briguinha na escola. Nunca nada grave, era briga de criança, o mais grave que fiz [que eu nem lembro, foi minha mãe quem me contou] foi girar a lancheirinha na testa de um ""amiguinho"" e abrir um corte na testa dele, nada demais...hahaha
Então mudei de escola aos 6~7 anos [não, não foi por ter aberto um cortezinho de nada na testa do lazarento. Não tenho certeza se foi porque a outra escola era mais barata, ou se foi porque minha mãe percebeu que eu não me dava bem com o resto da  minha sala, nunca cheguei a perguntá-la], no meio do ano. Logo na primeira semana, lembro que discuti com a sala inteira por algum motivo que não me lembro, peguei minhas coisas e voltei sozinha a pé para casa [era apenas a um quarteirão de casa]. E acho que foi a última vez também, não tenho certeza. 
Fiquei nessa escola do pré II até a quarta série. Conheci diversas pessoas, briguei com algumas, gostei de outras, fiz algumas passarem vergonha por minha causa e outras me fizeram passar vergonha por causa delas. Falando nisso, lembro uma vez que minha ""melhor amiga"" escreveu uma cartinha de amor pra um guri que estudava na minha sala e me pediu para entregar-lhe. Como eu não podia falar de quem era porque ela estava morrendo de vergonha, e eu sabia que se entregasse diretamente nas mãos dele ele não acreditaria em mim se eu falasse que não fui eu quem a escreveu [ou acreditaria? Nunca tinha pensado nessa possibilidade...], tentei enfiar em sua mochila - escondido, obviamente - na hora do recreio. E obviamente eu, com a minha sorte que tenho desde que descobri que existem dois sexos, fui flagrada enfiando a carta na mochila do guri. O resultado é óbvio, anh? Foram alguns dias aguentando pessoas me enchendo a paciência [até o próprio guri] achando que era eu quem gostava dele [e pararam de achar isso quando a gente quase se pegou aos tapas depois de poucos dias].
...ah, saudade desse tempo.
Bem, na quarta série fiquei sabendo que viria pra cá. E foi um choque, claro. Dizer adeus pra tudo, amigos, lugares, comidas de lá. Tudo. Eu estava realmente bem excitada porque viria pra cá, imaginando ser tudo lindo e maravilhoso, mal acreditava. Mas quanto mais chegava no dia da viagem, mais minha casa ia ficando vazia, e mais eu pensava em como seria dizer adeus a tudo e a todos. Mas não chorei. Não chorei na frente de ninguém, não chorei escondido. Eu nunca tinha digo um adeus assim para nada, nem ninguém, eu não sabia como seria, eu não sabia como me sentiria.
Tive minha última festa de aniversário no Brasil numa pizzaria. Foi lindo, todo decorado com bexigas roxas, laranjas e pretas, bem helloween [só fiquei triste porque derrubei uma bandeja de brigadeiros no chão...]. Se eu soubesse como me sentiria alguns meses depois disso, teria chorado horrores ali, mas não sabia, só aproveitei o máximo a festa [eu deveria fazer isso mais vezes...].
Minha primeira viagem de avião [sabendo o que era um avião, pois pelo que meus pais disseram, eu já havia viajado antes, quando era bem menor] foi inesquecível: horrível. Sentei exatamente na poltrona do meio [era uma linha de 9 lugares: 2 lugares - corredor - 5 lugares - corredor - 2 lugares] e entre pessoas desconhecidas. Meus pais e irmã sentaram-se atrás de mim. Pela minha sorte, de um lado havia uma mulher simpática [e com um enorme saco de balas, que ela disse serem necessárias para ela viajar de avião] e sua mãe. Conversei um pouco com ela, mas ela comia e se distraia com o filme que passava [senhor dos anéis] e lodo dormia. Do meu outro lado haviam dois rapases, e eu, que congelava só de pensar em ter que falar com sexo oposto quando esses eram mais velhos [e bonitos], nem pensei em falar um 'a' para eles LOL Não bastasse ficar forever alone com a guria sem me dar atenção eu ainda consegui passar MUITO mal com alguma das comidas. Devo ter ido no banheiro umas 6 vezes, o que me deixou envergonhada, pois tinha que pedir licença para a mulher do meu lado toda hora...
Em algum momento adormeci, e foi muito profundamente, pois só acordei com meu pai chamando para sair, trocar de avião. Saí dele, e esperamos cerca de 2 horas até subir no próximo avião. Depois disso não me lembro de nada até chegar no aeroporto de Nagoya.
Primeira coisa que pensei enquanto esperava quem quer que tenha sido nos pegar: estou com fome. Olhei para os lados e tem uma cantina vendendo lanches e me interessei por um hot-dog fajuto. 300 ienes. Perguntei para meu pai quanto isso sairia em reais e ele me respondeu que era aproximadamente uns 6 reais. O QUE?! 6 reais por aquela coisinha de nada [quando saí do brasil, o cachorro quente supimpa da tia da praça ainda custava 3 reais, e bem caprichado]?! Ok, desisti de comer [minto, eu resmunguei que queria e não ganhei].
Depois disso, só me lembro dentro de uma wagon e estava MUITO frio. Vim na pior época do ano para alguém que acabou de sair de um lugar quente do brasil. Mas, apesar do frio absurdo, dormi a viagem inteira. Cheguei no apartamento que iria morar por 3 meses e já quis dormir novamente. Não me deixaram e me empurraram pro banho. Foi horrível. O chuveiro daqui é diferente, e não sabia mecher direito, o que ajudou bastante no frio desgraçado que estava. Depois só me lembro de ter dormido...
Os dois primeiros meses foram horríveis. Eu não podia sair de casa porque não sabia NADA sobre o novo mundo lá de fora, tinha recém completado 12 anos, não falava NADA de japonês e não havia NADA para fazer, resultado: eu chorando quase todos os dias. E eu tinha horario pra chorar. Não chorava perto do horario que meus pais voltavam do trabalho. Iria ser horrível para eles chegarem em casa todo dia e derem de cara com a filha chorando todo dia, certo? [mas eles sabiam como eu estava, assim como minha irmã, porque eu não estava chorando quando eles chegavam em casa, mas estava com a cara inchada].
No período desses 2 meses, o tio da empreiteira emprestou uma televisão para nós, para tentar entreter minha irmã e eu enquanto estávamos presas no apartamento. Durou algumas semanas a distração, até ela perder a graça também. Um dia, lembro que estava com vontade de tomar algo doce, e me arrisquei a sair do apato sozinha e andar até uma hanbaiki [maquininha de refrigerante] que era bem perto dali. Meu pai havia deixado algumas moedas comigo [porque pedi] mas sem sequer desconfiar que eu as gastaria, e com elas comprei minha primeira fanta laranja aqui [odiada por duas amigas minhas, que vierem para cá recentemente, porque é muito mas fraca que a do brasil LOL]. Voltei para o apato e dividi ela com minha irmã.Quando meus pais chegaram em casa e viram que saí sozinha, tive que escutar um pouco, mas riram de mim também.
Depois de 2 meses, finalmente iria para escola! Brasileira, porque achavam que eu iria voltar pro brasil em dois anos...é. Como sempre, minha adaptação foi horrível. Não gostava de ninguém pois achava que ninguém gostava de mim, mas não arrumei brigas com ninguém, só não saia do meu canto.

E...cansei. São seis horas da manhã e tenho muito sono =_="
Continuarei a contar minha história até chegar nos dias atuais, alternando com os posts "normais" de sempre...e é isso.

Au revoir!

6 comentários:

  1. E o post morre do nada uahauahuaha
    como asssim vc nom continua? XD

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  2. Nossa!! Deve ter sido muito difícil pra você!

    Meu sonho sempre foi ir pro Japão, morar aí. Eu até aprendo Japonês no Kumon. Mas eu acho que eu preciso de muito dinheiro pra isso, haha.

    Gostei muito da sua história. Vi e gostei de um comentário seu no TokyoFashionGirls e vim ver seu blog. Gostei de verdade! :3

    Escreva mais da sua história, fiquei curiosa, você parece ser bem legal ^^

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    1. É dificil pra todo mundo no começo xD
      Adaptar-se a uma vida nova num 'mundo' novo :)

      Se vier só para passear, há maneiras de não gastar muito [conhecendo gente que mora por aqui xD]...mas se vier pra passear E gastar, sim, traga muita grana 8D ahsduahsiduahsud

      Obrigada <3

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  3. Sua história no Japão parece realmente interessante :3 Na minha cabeça eu fiz uma associação [besta] com Haru & Natsu às avessas XD
    Imagino que seja bastante dificil fazer amizades em um país tão fechado e ainda mais com a idade que você tinha. Eu me mudei de São Paulo para Pernambuco e sinto uma dificuldade enorme (isso pq é o mesmo país hehehe)

    :3

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    1. Não faço a minima ideia do q vem a ser Haru&Natsu [a não ser primavera e verão asudhsauihdiuashdua] uashduashduisa 8DDDD

      Até que fazer amizades não foi tão dificil, porque sempre estudei em escola brasileira xD
      O triste é que sempre tinha gente voltando para o brasil, então tive que aprender a n me apegar dmais as pessoas pq a despedida eh sempre dolorosa :/

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